quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Empresas estão de olho no seu blog


Sites de relacionamento e comunidades virtuais levam empresas a repensarem comunicação

Mariana Flores - Correio Braziliense




Publicação: 07/09/2008 10:31 Atualização: 07/09/2008 10:33

No início, o fenômeno era visto como distração de adolescentes. Mas com a explosão de usuários e a adesão cada vez maior de pessoas acima de 20 anos aos sites de relacionamento e blogs, as empresas começam a despertar para a importância de participar desse processo. As maiores já possuem sistemas de acompanhamento diário do que é dito sobre elas nas comunidades do Orkut ou nos blogs individuais de consumidores.

Nem todas admitem estar de olho no internauta, mas as grandes utilizam as chamadas redes sociais como fonte de pesquisa. Quem entra numa comunidade que começa com “Eu amo” ou “Eu odeio” determinado produto, serviço ou empresa tem grandes chances de passar a ter sua vida virtual vasculhada. Os sistemas de monitoramento das empresas utilizam, por exemplo, outras comunidades do usuário para traçar um perfil desse cliente.

As comunidades virtuais entraram no rol de preocupação das corporações. A visão é que não dá para ignorar um universo que reúne 20,6 milhões de brasileiros, o equivalente a 88,6% dos internautas ativos no país, segundo dados do Ibope. Esse é o volume de pessoas que navegam em sites de redes sociais, como Orkut, MySpace e blogs, por exemplo. E o poder dessa população aterroriza as companhias. Denúncias ou fofocas colocadas na rede podem ganhar dimensão nunca vista. “As empresas não têm mais o monopólio do discurso. O marketing tradicional se acostumou a falar para agregados de consumidores e, agora, um único consumidor pode fazer um estrago”, afirma o diretor de análise de mercado do Ibope Inteligência, Marcelo Coutinho.

As denúncias de que o carro Fox, da Volkswagen, teria decepado o dedo de um cliente começaram pela internet e se espalharam. A empresa relutou, mas acabou tendo que promover um recall. Recentemente, a Nestlé mudou uma decisão empresarial em função de críticas dos internautas. Mais de 50 mil pessoas protestaram, por meio de uma comunidade no Orkut, contra a retirada do Nescau tradicional do mercado. Por causa disso, a empresa decidiu voltar a comercializar o produto e o presidente da companhia, Ivan Zurita, enviou um e-mail aos integrantes da comunidade.

“As empresas só prestam atenção quando estão perdendo dinheiro. Mas devem começar a olhar para a internet o tempo todo. Hoje, um blog é criado a cada segundo e a cada minuto 13 horas de vídeo são jogadas no YouTube em todo o mundo”, afirma o presidente da Associação Brasileira das Relações Empresa-Cliente (Abrarec), Roberto Meier.


Companhias reagem às queixas

Foi depois de detectar queda no número de atendimento em seu Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC), que a fabricante de cosméticos O Boticário percebeu que os clientes estavam usando formas não tradicionais para falar sobre a empresa e desde 2006 começou a monitorar sites de relacionamento e blogs. A primeira experiência foi a identificação de uma comunidade no Orkut com mais de 400 participantes intitulada “Órfãos do One of Us”, um perfume que a companhia tirou de circulação. Voltar a produzir o perfume não era possível, segundo o presidente da companhia, Artur Grynbaum, por motivos estratégicos. Mas a reação foi entrar em contato com a comunidade para dizer que outra fragrância poderia substituir o perfume.

“O melhor é procurar entender o motivo da reclamação. Não dá para virar as costas e deixar o cliente insatisfeito”, afirma o presidente da empresa.

A Fiat também acompanha o que é dito sobre o mercado automotivo na web. O monitoramento é utilizado como uma fonte de informações, segundo o diretor de marketing da montadora, João Ciaco. “Tentamos identificar se são problemas técnicos ou se a pessoa está criticando porque não gosta da marca. Se for problema técnico, e se a pessoa entrou em contato com o call center, tentamos ver como está o caso. Mas não dá para entrar na comunidade e postar alguma coisa, seria invasivo.”


Bate-boca
Não postar comentários ou responder a críticas online é uma sugestão feita pelo sócio da Troiano Consultoria de Marca, Jaime Troiano. “As empresas devem acompanhar o que se diz nas comunidades, mas devem se manifestar utilizando canais tradicionais porque senão vira bate-boca”, orienta.

É essa postura que adotam a maioria das companhias, algumas até por não saberem como agir. As companhias telefônicas, por exemplo, admitem monitorar, mas não divulgam o que fazem com as informações obtidas. “Cada vez mais as marcas deverão acompanhar e intervir de maneira responsável, sem ser chapa branca”, ensina Abel Reis, presidente da Agência Click, de publicidade.

Por meio de nota, a TIM diz estar em um “processo de análise destes novos canais de comunicação”. Segundo o presidente da Vivo, Roberto Oliveira, o acompanhamento em tempo real é necessário, já que ao mesmo tempo em que a companhia obtém a informação do que é dito na internet, milhares de pessoas tomam conhecimento ao mesmo tempo. “Temos uma equipe que faz o acompanhamento do que é dito sobre a Vivo e pretendemos prestar informações quando for pertinente ou necessário. Não se controla e não pretendemos controlar, mas apoiar as boas iniciativas”, afirma o presidente da companhia. A Claro também monitora seus clientes na web e tenta resolver mais rápido os problemas, conta o presidente da companhia, João Cox. “O cliente tem mais disponibilidade de perdoar um erro se sentir que a empresa quer resolver”, justifica.

Conectados
11,4 milhões de pessoas navegam em blogs a cada mês

5 horas é a média que cada usuário passa por mês em sites de relacionamentos e blogs


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CASO NESCAU


Exemplo de empresa ligada no consumidor.
O texto abaixo está em um tópico na comunidade do orkut
"queremos o nescau tradicional"


"Foi com prazer que li a sua sugestão relativa ao Nescau. A Nestlé, preocupada em oferecer aos seus consumidores nutrição, saúde e bem-estar, adotou como um dos seus pilares a constante inovação e renovação dos seus produtos.

Por isso, conhecer a sua preferência pelo Nescau tradicional nos enche de orgulho e da certeza de que sempre estivemos no caminho certo. Nos seus 87 anos de Brasil, esse diálogo com o nosso consumidor tem se traduzido no reconhecimento da Nestlé como a empresa de maior confiança pública.

A conquista desse título representa para nós a vitória de um relacionamento transparente e de duas mãos: fazemos absoluta questão de ouvir o nosso consumidor e de entregar o que é melhor para ele.

Para você ter uma idéia, o nosso Centro de Atendimento ao Consumidor recebe cerca de 10.000 contatos diários. Esse relacionamento é um dos maiores ativos desta organização.

Por tudo isso, a partir do inicio de Setembro, você voltará a encontrar nos pontos de venda o Nescau tradicional, que é o achocolatado de sua preferência. O seu valioso contato contribuiu para que agora possamos oferecer uma linha mais completa de NESCAU, que decerto atenderá ao perfil de todos os nossos consumidores: NESCAU 2.0, NESCAU Power, NESCAU Nutri Júnior, NESCAU Light e o NESCAU em sua versão original.

Hoje, é a Nestlé quem diz: Faz bem conversar com você".


Um abraço, Ivan F. Zurita
PresidenteNestlé Brasil Ltda.

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Comentário de um internauta no orkut:

"Retorno esperado
Pessoal, quando sumiu o Nescau das prateleiras comentei com minha esposa que eles estavam tirando o produto de circulação para os consumidores reclamarem e o produto voltar mais caro. Isso é estratégia de marketing. Fiquem atentos: com certeza o preço irá aumentar".

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Para ver outras reivindicações, para volta do Nescau, dos orkuteiros clique aqui

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E você o que pensa?

5 comentários:

Anônimo disse...

Nestle merece os Parabens !
Como já é de conhecimento de todos recebemos um e-mail da Nestle informando sobre o retorno do Nescau Original.

Lógico que fizemos nossa parte bem feita, enviamos e-mails, ligamos, reclamamos, protestamos . . . nossa voz foi ouvida!

Só que não podemos deixar de parabenizar a Nestle que durante todo o processo recebeu nossos protestos de forma exemplar.
Retornaram as ligações que prometeram para dar esclarecimentos (eu mesmo conversei com um funcionário do atendimento ao consumidor qu ligou para o meu celular), retornaram os e-mails e fica óbvio que levaram em conta todo o nosso movimento para o retorno do Nescau.

A Nestle pode não ter acertado na primeira decisão de retirar o Nescau Original de circulação, mas acertou em rever a decisão equivocada.

Hoje admiro a Nestle um pouco mais do que ontem, ganhou a minha admiração, meu respeito e acabou por cativar um pouquinho mais um cliente de 25 anos de consumo.

Todos estamos de parabens pelo ato de cidadania, realmente os 50.000 membros desta comunidade tem um perfil de "1º mundo".

Anônimo disse...

discordo! mandaram um e-mail padrão e só voltaram atrás pq houve muitas reclamações!! se a nestlé tivesse algum respeito pelo consumidos lançava o 2.0 no mercado em caráter experimental e não de surpresa pra tirar o tradicional de circulação! Helvyrah

Anônimo disse...

Nada de parabéns
Antes de dar os parabéns para a Nestlé, temos de pensar no que ela fez: lançou um produto que não era Nescau e chamou de Nescau (o 2.0, e acho que podemos colocar o Power aí também). Depois, devagarinho, tiraram de linha o Nescau verdadeiro. Muitas pessoas nem perceberam, porque ainda tinham estoque, mas foi feita uma campanha discreta, pelo menos na Veja saíu durante duas semanas aquela bobagem da substituição por uma evolução do produto, que o Nescau é inconfundível. Uma coisa não foi dita pela Nestlé em nenhum momento: que o produto novo tinha glúten, que deve ser evitado por pessoas celíacas e em qualquer dieta que se pretenda saudável. Nas comunidades de celíacos e em algumas de Nescau, pode-se ver relatos dos problemas que este pessoal enfrentou. Agora, depois da volta do produto, eu comparei a embalagem antiga e a nova: os ingredientes são os mesmos, o sabor parece o mesmo, enfim, parece o mesmo produto. Só que, ressuscitado, agora ele TAMBÉM CONTÉM GLÚTEM, além de TRAÇOS de LEITE. E isto me deixou em dúvida: será possível que a Nestlé tenha tirado de linha um produto líder de mercado porque descobriu que, durante anos, ele estava rotulado de maneira errada? E, agora, atendendo aos anseios de seus consumidores fiéis, relançou o produto com a identificação correta? É possível que, durante anos, pessoas tenham passado mal por tomarem Nescau, confiantes na informação do rótulo? Sinceramente, eu sempre confiei na Nestlé. Mas, depois desta, não existe a menor chance de eu dar os parabéns a ela, eu deveria pensar, na verdade, em requerer danos morais, já que meu bem estar foi profundamente afetado pelo quase término do meu estoque.

Frota

Anônimo disse...

Ele voltou !!!!!!!!!


Amigos isto é cidadania, isto é democracia, isto é protesto, isto é união.
Com certeza fomos nós, nossa voz, nossos e-mails.
Parabens NESTLE por atender os consumidores, continuem sempre assim e terão um legião de consumidores pra sempre.

Lista Telefonica disse...

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