sexta-feira, 12 de junho de 2009

Anador e Aspirina têm campanhas vetadas pela Anvisa

O Estado do Maranhão (MA)
11/06/2009



São Paulo - A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) suspendeu ontem em todo o país a veiculação de duas campanhas publicitárias que realizavam concursos culturais para promover os medicamentos Anador e Aspirina, isentos de prescrição médica e usados no tratamento da dor. A decisão foi publicada no "Diário Oficial da União" de ontem.

Segundo a gerente de monitoramento e fiscalização de propagandas da Anvisa, Maria José Delgado Fagundes, as duas campanhas estão irregulares e cometem infrações sanitárias, pois estimulam ou induzem o uso indiscriminado dos remédios.

Além disso, afirma ela, as campanhas descumprem o decreto nº 70.951/1972, que diz que medicamentos não podem ser objetos de promoção que distribuam prêmios - como ocorreu nas duas campanhas suspensas.

O concurso da Aspirina, por exemplo, tem o tema "Um mundo com menos dor". O participante deve criar uma frase que responda à pergunta "O que você faria para ter um mundo com menos dor?" e ainda precisa indicar mais três amigos - que também serão premiados, caso sua frase seja escolhida.

O concurso estava com inscrições abertas até o dia 19 deste mês e os vencedores recebem prêmios em títulos de capitalização (de R$ 10 mil a R$ 25 mil) - os amigos ganham videogames, celulares e MP3. O site com a campanha foi tirado do ar ontem.

Já o concurso do Anador pedia que o participante criasse uma frase sobre o tema "Como levar a vida sem dor de cabeça". As cinco melhores dicas ganhariam um ano de supermercado (com valores de R$ 300,00 a R$ 500,00 mensais). As inscrições foram encerradas dia 29 de maio.

"Para nós (da Anvisa) está muito claro que esse tipo de campanha induz a pessoa a consumir de maneira indiscriminada esses medicamentos. Uma propaganda que dá prêmio de R$ 25 mil e ainda premia mais três pessoas quer atrair o consumidor oferecendo algo maior que os riscos do medicamento", observa Maria José Fagundes.

Segundo a gerente, não é a primeira vez que a Anvisa suspende campanhas de medicamentos que incluem concursos para atrair clientes. "As campanhas estão irregulares. Todas as técnicas apresentadas levam à fixação do produto como o ideal para o combate à dor de cabeça", observa.

Fabricantes - A Bayer Health Care, responsável pela Aspirina, e a Boehringer Ingelheim do Brasil, responsável pelo Anador, informaram, por suas assessorias de imprensa, que ainda não foram notificadas pela Anvisa sobre a decisão.

As duas empresas afirmam que os concursos são "exclusivamente de caráter cultural", abertos a qualquer pessoa e que em momento nenhum vinculam a participação à aquisição do medicamento. As indústrias também afirmam que produziram as campanhas de acordo com a legislação sanitária vigente.

Entrarão em vigor no dia 16 deste mês as novas normas e restrições da Anvisa sobre a publicidade de medicamentos.

As celebridades, por exemplo, não poderão mais dizer que utilizam determinado remédio e sugeri-lo ao telespectador em propagandas. Distribuir amostras grátis e brindes também será vetado.

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