Após confusão com 'Pelemania', Arezzo pede desculpas e recolhe mercadorias
Por Redação - 18.04.2011
- Deu o que falar a campanha da Arezzo chamada 'Pelemania', que utiliza peles de animais para a confecção de roupas e acessórios da grife para o inverno.
O REPÓRTER entrou em contato com a sede da Arezzo em São Paulo que se pronunciou a respeito da comoção que chegou às redes sociais.
A empresa pediu desculpas pela campanha, prometeu recolher as mercadorias de todas as lojas do país, porém disse "não entender como responsabilidade dela o debate de uma causa ampla e controversa".
A grife que acabou de lançar a nova coleção de inverno, foi fundada em 1972, pelos irmãos Anderson e Jefferson Birman, e é considerada a maior marca de varejo de calçados femininos fashion da América Latina.
A grife também atua fora do país representada por sete lojas instaladas na Bolívia, no Paraguai, em Portugal e na Venezuela.
Veja o comunicado na íntegra:
COMUNICADO
Prezados consumidores,
A Arezzo entende e respeita as opiniões e manifestações contrárias ao uso de peles exóticas na confecção de produtos de vestuário e acessórios.
Por isso, vimos por meio deste nos posicionar sobre o episódio envolvendo nossas peças com peles exóticas - devidamente regulamentadas e certificadas, cumprindo todas as formalidades legais que envolvem a questão.
Não entendemos como nossa responsabilidade o debate de uma causa tão ampla e controversa.
Um dos nossos principais compromissos é oferecer as tendências de moda de forma ágil e acessível aos nossos consumidores, amparados pelos preceitos de transparência e respeito aos nossos clientes e valores.
E por respeito aos consumidores contrários ao uso desses materiais, estamos recolhendo em todas as nossas lojas do Brasil as peças com pele exótica em sua composição, mantendo somente as peças com peles sintéticas.
Reafirmamos nosso compromisso com a satisfação de nossos clientes e com a transparência das atitudes da Arezzo.
Atenciosamente,
Equipe Arezzo
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18/04/2011 - 18h57
Uso de pele animal é tendência, defende presidente da Arezzo
O presidente e fundador do grupo Arezzo, Anderson Birman, afirmou à Folha que preferiu recuar, retirando das lojas Arezzo todos os produtos com pele de raposa, a ter que debater sobre o uso de pele de animal.
A Arezzo anunciou na segunda-feira a retirada de todas as lojas do país de produtos da coleção Pelemania que usavam em sua confecção pele de raposa. A decisão foi tomada depois de manifestações raivosas na internet.
O presidente da marca afirmou que a Pelemania não é uma moda lançada pela Arezzo, mas uma tendência mundial para o inverno 2011. "Em todos os editoriais de moda de todas as revistas do mundo, inclusive nas brasileiras, esse fenômeno do uso de peles está sendo veiculado. Todas as marcas estão usando, é um tendência forte", afirmou.
No site da marca, o anúncio da coleção Pelemania dizia: "Hit glamuroso da temporada. Não pode faltar no guarda-roupa da fashionista", ao lado uma foto de uma bolsa aparentemente feita de pele de animais.
No Twitter, a grife ficou entre os dez assuntos mais comentados do microblog.
"Ridículo essa nova coleção da #arezzo pq não arrancam a pele deles pra fazer os sapatos aff", afirmou Diana Bueno, em seu Twitter.
Nota oficial da Arezzo diz que a empresa "entende e respeita as opiniões e manifestações contrárias ao uso de peles exóticas na confecção de produtos de vestuário e acessórios".
Leia abaixo a íntegra da entrevista com o presidente:
Folha de SP - Como começou essa polêmica?
Anderson Birman - O que conseguimos fazer foi viabilizar a importação de pele de raposa, absolutamente legalizada, com certificado de origem, com certificado de regularidade, tudo dentro do que os parâmetros de sustentabilidade permitem. Acredito que isso associado a peles que a gente tem, peles de coelho e pele sintética --a grande maioria é de pele sintética-- é que gerou essa polêmica.
A pele de raposa usada nos produtos é de criatório, não é de animal selvagem, não tem dano nenhum a natureza, isso é que dá sustentabilidade, é o uso gerenciado e controlado, mas gerou essa polêmica toda que acho que deve ter sido feita por ambientalistas de plantão com os quais não vou me expor para debater isso, tirando o foco do grande trabalho que a gente tem em uma coleção de inverno maravilhosa com milhares de outras possibilidades. Então, eu preferi recuar a ter que abrir esse debate sobre se eu acho certo ou não acho certo o uso de pele de animal. Essa é uma coisa tão polêmica, eu teria tanta contestação para falar de um lado e do outro.
Sustentabilidade é um assunto que eu me interesso tanto que eu precisava de um foro especifico para falar, fora do foro de moda.
Quais os produtos que têm pele?
Eu não saberia te precisar, mas é uma estola, uma bolsa e mais uma outra pecinha pequena. Foram importadas cerca de 300 peças.
O uso de pele de raposa é uma tendência mundial?
Sim.
O uso da pele do coelho também foi contestada, vocês vão retirar também?
Não, só a pele de raposa. Nosso entendimento é que todo animal que está na cadeia alimentar, não tem como. Você vai a um restaurante e come coelho no mundo inteiro. É produção de proteína animal, é uma coisa que tem quem goste e quem não goste, mas está na origem do ser humano. E tem o uso da pele de ovelhas também, é um uso milenar.
Você ouviu falar de repercussão negativa em outro país?
O uso de pele sempre tem alguma repercussão, mas como nosso uso de pele sintética é muito maior do que o uso de pele verdadeira. São 300 peças só, as importadas, as recolhidas eu não sei, porque eu não sei dizer o estoque das lojas agora. Eu recuei justamente para não entrar numa rota de debate disso, tirando o foco da nossa coleção.
E é um negócio insignificante no contexto da Arezzo para poder servir de instrumento do debate, eu achei melhor recuar do que ceder tão pouco a um debate que eu não acho que seja construtivo a ninguém. Podemos até em um outro tempo, outra hora, pensar mais sobre o assunto, sou absolutamente sensível a ter um planeta cada vez mais agradável, bonito e preservado.
Um comentário:
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